08 Abril 2022
Greg Yudin é filósofo e sociólogo da Escola de Ciências Sociais e Econômicas de Moscou. Dois dias antes do início da invasão russa da Ucrânia, em um artigo para a Open Democracy, antecipou exatamente o que iria acontecer. Greg Yudin permanece em Moscou. Foi hospitalizado pelas forças de segurança, durante um protesto, dias depois do início da guerra.
Há tempo, Yudin alerta para a agressiva pretensão de poder de Putin, o que torna cada vez mais provável um confronto militar com a OTAN. Na entrevista, descreve os mecanismos de poder em que se baseia o sistema de Putin, a rápida transformação da sociedade russa em uma ordem pré-fascista e as perspectivas do movimento antiguerra.
A entrevista é de David Ernesto García Doell, publicada por El Salto, 07-07-2022. A tradução é do Cepat.
Dois dias antes do início oficial da guerra, você foi um dos poucos intelectuais que alertou para um conflito dessa magnitude. Enquanto muitos esquerdistas seguiam pensando que se trataria da anexação de Donbass, você previu uma guerra que se concentraria em Kiev, Kharkiv e Odessa. Como chegou a essa avaliação?
Há dois anos venho alertando sobre essa guerra, mas certamente não fui o único que a via se aproximando. No início, havia pessoas que estudavam a política russa e, mais tarde, os especialistas em exército russo também chamavam a atenção para essa possibilidade. Mas muitos especialistas descartavam ou até ridicularizavam a possibilidade real de uma guerra de grande envergadura, e a razão não é que sejam incompetentes, mas que partiam de suposições erradas. Infelizmente, não parece que estejam aprendendo a lição, pois hoje descartam aos gritos uma escalada nuclear, partindo das mesmas premissas equivocadas.
O principal erro foi a suposição de que, após invadir a Ucrânia, Putin estaria definitivamente pior do que antes, e isso iria influenciar em seus cálculos. No entanto, Putin avaliou o custo da guerra frente ao custo da inação. Tinha muita clareza de que muito rapidamente estaria em uma situação desesperadora caso não iniciasse essa operação militar nesse momento.
A Rússia atual é um regime bonapartista, muito semelhante ao regime francês de 1848-1870 descrito por Marx, mas também à Alemanha do Entreguerras. Apoia-se em plebiscitos, beneficiando-se de uma introdução brusca do sufrágio universal, e potencializa agressivamente o ressentimento e o revanchismo na sociedade, após uma grande derrota (no caso da Rússia, após a Guerra Fria).
Governados por um líder com um poder quase ilimitado, esses regimes tendem a degenerar em monarquias eleitorais que reprimem todas as divisões internas e são hostis a seus vizinhos. São economicamente estáveis, o que os ajuda a despolitizar as massas, trocando o total descaso pela vida cívica pelo relativo bem-estar e a potencialização do escapismo para a vida privada. Tudo isso os leva a serem militarmente agressivos, externalizando os conflitos internos, exagerando as ameaças externas e, finalmente, reforçando fortes alianças militares contra elas. Deixam-se levar por tendências suicidas e inevitavelmente se dirigem à derrota, mas isso tem um alto preço para todos, especialmente agora, na era nuclear.
Depois que Putin transformou a Rússia em uma monarquia virtual, com seu referendo constitucional de 2020, e tentou assassinar seu único opositor político, Alexei Navalny, para mim ficou claro que estava alimentando um plano para uma grande guerra. Dado que a mera existência de um Estado grande e culturalmente próximo a um regime político apoiado pelos Estados Unidos é vista por Putin como uma ameaça existencial, ficou óbvio que iniciaria uma guerra para conquistar a Ucrânia, caso não conseguisse subjugá-la pacificamente.
Nenhum preço é alto demais para que Putin assuma o controle da Ucrânia, pois acredita estar em perigo existencial pelo que chama de “anti-Rússia” ao longo de suas fronteiras. Além disso, Putin enfrenta um declínio de popularidade em seu país, sobretudo entre os jovens, e é provável que enfrente um movimento de resistência muito em breve. Precisa estar seguro de poder reprimi-lo a qualquer custo.
O que você pode dizer sobre a repressão e as perspectivas do movimento antiguerra?
O movimento antiguerra conseguiu mostrar uma divisão na sociedade russa. As pessoas que protestaram nas ruas ou fizeram declarações públicas contra a guerra manifestaram que há uma parte importante da sociedade russa que rejeita a guerra e a considera não só um crime contra a Ucrânia, mas também uma traição aos interesses da Rússia. Nos primeiros dias, quando as pesquisas de opinião ainda faziam algum sentido (não fazem mais, quando se pode pegar até 20 anos de prisão pelo simples fato de chamar essa “operação militar especial” de guerra), sugeriam que até 25% dos russos eram contra essa ação militar. Penso que é um sucesso considerável. Mas os protestos pararam.
Nem mesmo é a repressão que os impede, mas a falta de organização. Putin foi o suficientemente inteligente para, antes de iniciar a guerra, destruir todas as organizações e redes políticas ou civis. É incrivelmente difícil se organizar aqui. Logo, é parado pela polícia ou espancado por bandidos patrocinados pelo Estado. A falta de organização é desmoralizante. As pessoas estão dispostas a arriscar suas vidas, apesar das novas leis e do aumento da violência policial. Contudo, é difícil agir assim quando não se enxerga uma forma para conquistar algo. Putin sempre vence fomentando a impotência.
Em uma entrevista a Robin Celikates, para TAZ, você comparou a situação atual com a de 1938, quando a Alemanha anexou os Sudetos. Essa comparação é altamente polêmica, pois alimenta a narrativa que coloca Putin na linha de Hitler, ao passo que George Bush, quando invadiu o Iraque e matou centenas de milhares de pessoas, nunca foi retratado da mesma forma.
Por muitos anos, a comparação com Hitler foi infeliz e nunca a apoiei. Pretendia assustar o público que se identifica com Putin com o mal radical. Putin estava muito mais próximo de Napoleão III ou talvez de Franco, quando se quer enfatizar a sua crueldade. Isso não significa que “não fosse mal o suficiente”, mas, sim, que era um tipo diferente de regime autoritário repressivo.
Mas agora a situação na Rússia mudou, e não tenho certeza se todos fora da Rússia entendem isso. Aqui, está se passando do autoritarismo ao totalitarismo. É uma questão de como a sociedade se estrutura politicamente e em que o poder se baseia. Em outras palavras, não é uma questão de quantidade, mas de qualidade. E nesse sentido, sim, muito recentemente existe claramente mais semelhanças com o que é descrito classicamente como fascismo.
Na Alemanha, temos uma conceituação muito rigorosa do fascismo e o nazismo, este último sempre ligado a um antissemitismo eliminatório. Intelectuais na Alemanha, como Felix Jaitner, analisam o regime de Putin muito mais com o marco de Marx e Poulantzas de “bonapartismo”, algo entre a ditadura militar e o fascismo.
A obsessão pela essência da nação ucraniana e sua equivalência com a nação russa é o que se destaca como um elemento particularmente nazista e não apenas fascista. Como evidência anedótica, devo acrescentar que há muito tempo se sabe que existem muitos admiradores de Mussolini entre as elites russas.
Também recomendaria a leitura do artigo de Putin de 2020, em The National Interest, no qual explica as causas da Segunda Guerra Mundial. Tente descobrir quantas vezes culpa a Alemanha por essa guerra, no artigo, em comparação com o que faz com a Polônia. Quanto ao antissemitismo, no momento, não há nenhum elemento antissemita explícito no regime. Mas há muito antissemitismo tácito na Rússia, e se concentra principalmente nos serviços secretos, que agora estão com a faca e o queijo na mão.
Considera que o Movimento Z é um indicador da mudança qualitativa em direção ao fascismo?
O sinal Z foi adotado dos veículos militares russos na Ucrânia (veículos pertencentes ao Distrito Militar Ocidental têm a marca Z por causa da palavra russa para se referir ao Ocidente: Zapad) e foi promovido pelos propagandistas do Estado que certamente sabem que se parece com uma meia suástica. Este sinal aterrorizava algumas pessoas mais velhas, que imediatamente se lembravam de sua infância. Agora, o sinal Z é encontrado nas portas de ativistas contra a guerra, junto com ameaças, o que indica que há um grupo de nazistas entre os siloviki [Nota do editor: membros da polícia secreta e das forças de segurança] e que nesse momento têm apoio para fazer essas coisas.
Mais assustadoras ainda são as instalações em forma de Z que as pessoas de toda a Rússia estão formando com seus corpos. Não só servidores, mas também crianças de escolas e jardins de infância, recebem a ordem para se reunir em forma de Z e aclamar a Putin. Ao ver esse Z, formado por crianças com doenças terminais ou por criancinhas ajoelhadas, é difícil não pensar na Alemanha nazista.
Outra dinâmica preocupante é a introdução de propaganda deslavada nas instituições de ensino, das universidades aos jardins de infância. A visão de Putin sobre a história da Ucrânia agora está entrando na cabeça das crianças. Isto nunca foi assim. Apesar de alguns avanços preocupantes no ensino de história, nunca foi necessário compartilhar o relato oficial da história, e muito menos as teorias delirantes de Putin.
A mobilização fascista da sociedade se dá principalmente no plano da simbologia política?
É preciso acrescentar a esse quadro a violência desencadeada. Desde o início dos protestos contra a guerra, já existem amplas evidências de espancamentos, torturas e agressões sexuais nas delegacias. Embora a violência policial certamente não seja nova na Rússia, esses acontecimentos apontam uma possível mudança para um novo nível.
Existe também uma repressão total aos meios de comunicação independentes. Precisamente na segunda-feira [28 de março], fechou o último jornal independente, Novaya Gazeta, cujo diretor recebeu o Prêmio Nobel no ano passado. Praticamente, não existe mais meios de comunicação independentes. Aqueles que persistem são inacessíveis na Rússia e oficialmente rotulados como “agentes estrangeiros” ou “organizações extremistas”.
Por último, o elemento mais alarmante dessa nova configuração potencialmente totalitária é a guinada ideológica de Putin, desde os primeiros dias da guerra, com sua nova narrativa de “desnazificação” da Ucrânia.
Há algum tempo, a acusação de que as autoridades ucranianas estão apoiando a extrema direita é onipresente no discurso oficial russo, e não é totalmente infundada. No entanto, em fevereiro, tornou-se uma retórica puramente essencialista, dando a entender que a essência ucraniana, supostamente russa por natureza, foi contaminada por algum elemento nazista. Portanto, é tarefa do exército russo limpar a Ucrânia desse elemento nazista.
O Ministério da Defesa russo já fala em estabelecer procedimentos de “filtragem” nos territórios ocupados. E como os ucranianos estão resistindo obstinadamente, a única explicação possível é que estavam ainda mais “nazificados” do que o esperado, o que facilmente pode levar à conclusão de que merecem ser eliminados. A mesma narrativa de “pureza” foi usada por Putin, há poucos dias, quando falou do “inimigo interno”, os chamados “traidores da nação” que devem ser “cuspidos como uma mosca” pela sociedade russa para preservar sua saúde.
É possível quantificar o movimento Z?
Depende de como seja definido. É grande o número de pessoas que participaram das instalações do organismo público, que carregam o sinal Z, colocam em seus carros ou o utilizam nas redes sociais. Minha estimativa é que possa chegar a 30-40% em todos os setores da sociedade.
No entanto, considerar todos eles um só movimento não está correto. Muitos deles foram forçados a exibir a propaganda por seus empregadores, muitas vezes estatais. Muitas pessoas não estão satisfeitas, mas ouvi dizerem: “Farei o que quiserem que eu faça, caso salve o meu emprego”. As pessoas que agem assim voluntariamente são bem menos. No entanto, algumas são realmente agressivas.
Para ficar claro, aqui, é justamente onde está a linha entre o bom e velho autoritarismo de Putin e um novo tipo de estado totalitário. Enquanto esse movimento for encenado majoritariamente contra a vontade do povo, a linha permanece intransponível. No entanto, a passividade das massas é realmente ilimitada, podem facilmente se transformar em uma turba agressiva.
Vimos como a bolsa cai 40% em duas semanas, mas o rublo já se recuperou desde meados de março. Por quanto tempo uma economia de guerra pode funcionar na Rússia? As consequências sociais da crise econômica não provocarão um grande descontentamento?
Putin não ficará de braços cruzados esperando que a crise golpeie o suficiente forte para que os russos se voltem contra ele. Está ciente do risco e, portanto, o mais provável é que tente jogar a culpa pela crise nos “traidores” que agem conjuntamente com o Ocidente para prejudicar a Rússia. Contudo, se por algum motivo Putin não conseguir colocar em curso o terror e perder o impulso, é provável que as partes da sociedade que agora estão mais prejudicadas pela crise se aliem às elites contra ele. Isso pode acontecer relativamente rápido.
Em termos econômicos, como é a base de poder de Putin? Existe uma divisão dentro das elites econômicas a favor/contra a guerra?
Putin foi capaz de construir uma economia neoliberal forte e robusta ao se ater ao modelo de mercado efetivado nos anos 1990. De fato, os neoliberais que estavam no poder com Yeltsin permanecem responsáveis pela economia com Putin. A figura central é Elvira Nabiullina, a chefe do Banco Central da Rússia.
Essa configuração neoliberal tem algumas peculiaridades, como, por exemplo, a mistura de empresas privadas e públicas como Gazprom e Rosneft, que teoricamente pertencem ao Estado, mas na verdade canalizam as receitas para os bolsos dos comparsas de Putin. Esse modelo econômico garantiu um impressionante crescimento econômico durante a primeira década de Putin no poder, e uma relativa resistência às sanções estrangeiras na segunda década.
Contudo, o crescimento se traduziu em uma enorme desigualdade. Hoje, a Rússia é um dos países mais desiguais do mundo, rivalizando com os Estados Unidos nesse aspecto. Em 2019, 58% da riqueza pertencia ao 1% da população, ao passo que os 10% mais ricos detinham 83% de toda a riqueza, segundo o Credit Suisse.
Ao mesmo tempo, Putin construiu um sistema de gotejamento semelhante ao criado por Ronald Reagan, em sua época. Enquanto as elites se tornavam incrivelmente ricas e compravam inúmeros iates e palácios luxuosos, a população em geral podia aumentar seu nível de vida por meio de hipotecas e créditos para o consumo. A Rússia possui níveis de dívida pública desproporcionalmente altos e uma parcela significativa das famílias mais pobres gasta a metade de sua renda em pagamentos de juros aos bancos e instituições de microcrédito.
Os oligarcas de Putin podem ser divididos em dois grupos. Alguns deles são amigos de Putin há muito tempo, desde o KGB. Compartilham sua visão imperialista do mundo e provavelmente ajudaram a empurrá-lo para esta guerra. Outro grupo é formado por pessoas que ficaram muito ricas, nos anos 1990, e conseguiram multiplicar suas fortunas no mandato de Putin. É evidente que não estão satisfeitas com a guerra e alguns até se atrevem a se manifestar publicamente, ainda que sutilmente.
No entanto, tanto os super-ricos quanto os tecnocratas responsáveis pela economia russa estão completamente desprovidos de qualquer subjetividade política. Putin os fez jurar que nunca vão se envolver na política e não se atrevem a desafiar suas decisões. Eles têm medo dele e aceitam que esta guerra é simplesmente o destino que vão compartilhar com o seu país. De fato, foi dito que Nabiullina tentou renunciar após o início da guerra, mas Putin ameaçou sua família e a forçou a ficar. Essas pessoas se sentem muito cômodas sendo reféns.
Quando entramos em contado, antes da conversa, você disse que, na sequência, Putin invadirá a Polônia.
Se isso acontecer, existem duas opções: ou os Estados Unidos e a OTAN permitirão que Putin assuma o controle da Europa do Leste ou possivelmente estaremos caminhando para a Terceira Guerra Mundial. Ainda tenho dificuldade em imaginar tal cenário, já que o exército da OTAN parece muito superior ao da Rússia.
O objetivo de Putin não é uma guerra com a Ucrânia, nem com a Polônia. Para ele, esses países são inexistentes ou apenas fantoches dos Estados Unidos. Aos olhos do comando militar russo, a guerra é uma guerra defensiva contra os Estados Unidos/OTAN/Ocidente, termos que são utilizados indistintamente. O território ucraniano é apenas o primeiro passo desta grande guerra. As tropas russas na Transnístria [Nota do editor: região separatista na Moldávia] já estão mobilizadas e aguardando para estabelecer uma conexão com o exército russo, caso tome Odessa, o que significaria que uma invasão à Moldávia seria possível.
Os Estados Bálticos e a Polônia são certamente objetivos a médio prazo. Não é por acaso que Putin exigiu a retirada total das tropas da OTAN dos países do antigo Pacto de Varsóvia. Sua estratégia militar é simples: ameaçar com armas nucleares e se apoderar do território. Considera que o Ocidente é fundamentalmente fraco, corrupto e covarde. Essa atitude é extremamente popular na Rússia, e Putin a reforça.
Existe uma profunda convicção na Rússia de que o Ocidente nunca se arriscará a um conflito nuclear com a Rússia por um país do Leste, seja a Ucrânia ou a Polônia. O que estamos vendo agora na Ucrânia, de um modo geral, confirma a sua avaliação. Para Putin, basta invocar um conflito nuclear para que a Europa Ocidental reconsidere o que está disposta a fazer para ajudar a Ucrânia.
Putin também acredita que, agora, possui certa vantagem militar sobre os Estados Unidos em matéria de armas hipersônicas. Provavelmente, considera que isto é o suficiente para impedir os Estados Unidos de entrarem em um possível confronto nuclear.
Segundo o exército russo, já utilizou mísseis hipersônicos na Ucrânia sem qualquer necessidade militar, o que parece uma mensagem para o Ocidente. O importante é que Putin disse em repetidas oportunidades que essa vantagem não durará muito, pois os estadunidenses logo se atualizarão. Isso significa que precisa aproveitá-la agora.
Como a esquerda da Alemanha pode apoiar a esquerda da Ucrânia e da Rússia em suas lutas atuais?
Sinceramente, acredito que o mundo está em grande perigo. Conhecemos essa fera por dentro e temos poucas ilusões de que pare sozinha. A esquerda sabe da importância dos movimentos internacionais durante as grandes guerras. Portanto, deve resistir a enquadrar esse conflito em termos de estados-nação, por exemplo, Rússia e Ucrânia, porque isso só fortaleceria os estados e fragilizaria ainda mais os povos. Só por meio da solidariedade internacional é possível deter essa fera. E deve ser detida agora, antes que seja tarde demais.
Uma coisa importante, que precisa ser feita agora, é mirar o dinheiro dos super-ricos. Essa agressão brutal deixou claro que o capital enlouquece quando não está sujeito ao controle. O sucesso de Putin na hora de corromper as elites políticas e econômicas, em todo o mundo, deve-se ao fato de que sabe que a ganância e o interesse próprio são as pedras angulares do capitalismo. Ele acredita firmemente que o dinheiro pode comprar tudo. Sabe que a democracia liberal é uma farsa.
Putin é um ultraneoliberal, destruiu toda a solidariedade na Rússia e a substituiu por um cinismo desenfreado. Por isso, está convicto de que ninguém vai realmente interferir em seus planos militares e que todas as sanções acabarão sendo retiradas, pois o capital só se importa com os lucros. Tem provas suficientes disso, e a política de Merkel em relação à Rússia é um exemplo de manual sobre como a ganância domina o poder político no capitalismo.
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“Putin é um ultraneoliberal, destruiu toda a solidariedade na Rússia”. Entrevista com Greg Yudin - Instituto Humanitas Unisinos - IHU